segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Adolescência

Trechos de e-mails que recebi essa semana:

... “Tenho uma filha de 15 anos. É excelente aluna (o que me agrada muito), porém se sente feia e gorda. Reclama muito dos óculos e aparelho nos dentes. Quase não sai de casa”...
... “Me chamo Thiago. Tenho 16 anos. Queria muito arrumar uma namorada, mas na hora de chegar numa menina, não consigo. Tenho vergonha”...
... “Odeio minha mãe. Ela quer que eu faça tudo, arrume o quarto, faça dever de casa, coma coisas que não gosto e ainda reclama de como me visto. Ela fala que quando tinha a minha idade (14 anos), já sabia o que queria da vida”...

A adolescência é uma fase da vida em que incertezas, ansiedades, revoltas, estão presentes. São muitos mundos dentro de um só. Pensamentos a mil por hora, muitas vezes sem rumo. Durante esse período, há a explosão de hormônios característicos da puberdade. Espinhas, pêlos, seios, incomodam. São aceleradas modificações corporais que ameaçam o sentido de autoconsciência e é necessário tempo para integrá-las a identidade. Nesse momento, tudo parece eterno e a vida curta demais para essa eternidade.
A cultura e a sociedade têm uma grande influência nessa etapa. As cobranças físicas são inúmeras. Ser bonito, magro, se vestir na moda, são atributos muito valorizados. O pensamento e a conduta são bastante egocêntricos. Há uma tendência a concluir que as outras pessoas estão sempre preocupadas com sua aparência e comportamento. Sentir-se feio ou não ser aceito em determinado grupo, pode levar a uma depreciação de si e uma baixa auto-estima.
Quando não há um bom alicerce familiar, muitos adolescentes entram em conflitos emocionais internos. Críticas, austeridade, falta de diálogo por parte dos pais, geram problemas. É de grande importância saber o que está acontecendo com o corpo e com as emoções nesse momento. Na verdade o preparo deve vir desde a infância. Conversar, explicar, dar pequenas responsabilidades (por exemplo, estipular horário para fazer o dever de casa), vai gerando uma personalidade com bases. Crescendo com o hábito de dialogar, ficará mais fácil trabalhar os conflitos na adolescência. Porém, se não há esse hábito, apesar de mais difícil, não será impossível. Alguém deverá dar pequenas explicações, caso os pais não se disponham, um adulto em que o jovem confie pode ajudar. Nessa idade, ter um “porto seguro” é muito importante. Há sempre alguém próximo que o adolescente elege como respeitável e confiável. Alguém que possa esclarecer as mudanças corporais, a necessidade de uma boa alimentação...que óculos não são necessariamente para sempre (há cirurgias e lentes de contato), assim como aparelhos dentários. Alguém que conte experiências e ajude a dissolver a timidez.
Valorizar os estudos é muito importante. Uma nota boa, deve ser elogiada. Uma nota baixa, deve ser “conversada”. Tanto no ponto de vista do adolescente como no do adulto, “paciência” é a palavra-chave. Estimar o engrandecimento interior é imprescindível . É ele o coração da auto-estima. A sabedoria é completamente interna e não ocupa lugar. Quanto mais estudar, ler e escrever, mais rico o pensamento, mais amplos a mente e o poder criativo.
O tempo passa e nos esquecemos que já fomos adolescentes um dia. Cada um tem sua própria história. Vale lembrar que “ninguém é igual a ninguém”. Cada pessoa passa por seus próprios caminhos, às vezes penosos, às vezes alegres. Não cabe a ninguém julgar. Saber usar a autoridade, requer amor. Palavras afetuosas, uma voz calma, uma mão que acarinha, chega mais rápido ao coração. Isso serve tanto para pais como filhos!


(os nomes são trocados para preservar a identidade das pessoas)

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