quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Falando de Amor

Amar é fácil e difícil ao mesmo tempo. Quando amamos, emanamos esse sentimento para alguém. Quando esse alguém também nos ama, ótimo, recebemos também amor. O que dificulta são as diferenças. Se depender do sentimento, agimos só pelo coração. Mas precisamos de um direcionamento racional, para equilibrar o que o que sentimos e converter as diferenças em acordos. Não adianta querermos permanecer com atitudes já interiorizadas no ego. Para amar, temos que nos adaptar uns aos outros. Traçar objetivos em comum, ajustar um comportamento aqui, outro ali. Não significa mudar a personalidade, mas lapidá-la a favor do amor, de uma convivência mútua que precisa de doses de humanismo, afeto, consideração.
O amor maduro entre homem e mulher é uma conquista de longos anos. Essa conquista pode vir durante um mesmo amor, ou vir após vários (relacionamento, casamento, namoro). Nem todos estão preparados e amadurecidos o suficiente para compartilhar vida, intimidade, sentimentos com outra pessoa. Isso serve para todos os tipos de amor (homem e mulher, amor pelos filhos, amor pelos amigos). Nesse caso, há o que se trabalhar (psicologicamente) nas bases do desenvolvimento da personalidade que foram oferecidas pela educação familiar e cultural. Com esse trabalho, podemos conquistar uma nova estrutura individual da própria personalidade.
Uma grande dificuldade no amor, é quando colocamos no outro nossa felicidade, passando ele a ser a razão da mesma e de nossa existência. Não é difícil isso acontecer, principalmente em pessoas muito carentes de afeto. Na realidade, aquele que vem para partilhar a vida (a pessoa a quem amamos), deve apenas somar emoções. Se algum dia se for, que leve apenas o que trouxe, não arrancando pedaços de nós. Sendo assim, devemos nos amar e exercitar a auto-estima sempre. Para a grande maioria das pessoas, é um exercício difícil, mas é só praticar.
Através de experiências a dois que forem vivenciadas, o amor vai se constituindo. Haverá conflitos sempre, não tem jeito (somos humanos), mas o que vai mudando com o tempo é o equilíbrio psicológico e diferenças vão se acertando e se encaixando, dissolvendo os conflitos naturalmente.
Estarmos dentro do coração, um do outro, deve nos trazer bem-estar e confiança em um sentimento compensador. A paz vai se fortalecendo gradualmente. Haverá momentos em que ela estará presente só em um, ou só em outro. O que não pode acontecer é ela não estar presente em nenhuma das partes. É interessante então, o que estiver em momento pacífico, ceder.

Muita paz e muito amor para você!

Dias de Desânimo

Há dias em que não se tem vontade de sair da cama. Bate aquele desânimo e uma preguiça e parece que o colchão está abraçando a gente, nos segurando para não levantarmos. Vem uma pequena tristeza e alguns questionamentos. Isso acontece de vez em quando com qualquer pessoa e não se assustem, ficar triste é normal.
Ficar triste não significa ficar deprimido. Depressão é ir ao fundo do poço. Tristeza é apenas passar por perto dele e achá-lo fundo. Existem algumas situações absolutamente comuns que entristecem algumas pessoas, tais como: dias muito frios, céu cinzento, feriados, domingo. Estudos demonstram que em domingos e feriados, com o fechamento de lojas, escolas, fábricas, etc., o barulho ao redor diminui. O cérebro já acostumado com os sons do cotidiano, sente falta. A mudança de programação da TV também influencia.
Estar um pouco melancólico, acreditem, até faz bem. É nesse momento em que nos fechamos para balanço e em nosso silêncio individual , colocamos pensamentos e emoções em seus devidos lugares. Daí então, recobramos força e enriquecemos nossa sabedoria. Todos precisamos de pequenas pausas. Acredito que vivamos em ciclos, como o próprio universo. São estágios, estamos hoje felizes, depois passamos por uma fase de normalidade (não muito felizes, mas também não tristes), e vem então a pequena tristeza. A grande jogada da vida e não permanecermos tristes por muito tempo. Aproveitar esses momentos para boas reflexões e sair logo, para não virar depressão. Tudo tem seu lado positivo, como diz o ditado ... “é nas quedas que o rio cria força”...
Quando você acordar em um dia de balancete, respeite. Mas levante da cama, assim ele dura menos. Trate esse dia com naturalidade, é como uma visita indesejada, sempre chega a hora em que ela vai embora. Encare como processo de purificação, de expelir o que sobrou de ruim, assim que sair tudo você fica feliz novamente.
Lembre-se sempre que sua vida tem um propósito, é por ele que você cai e se levanta. Desenvolva suas capacidades em todos os estágios, aprenda com eles. Crie um novo sentido de percepção de si e conquiste a importância de cada momento.
Quando eu era mais jovem e passava por um dia de desânimo, reclamava com minha avó e ela sempre dizia ... “ Amanhã é outro dia”... e é mesmo!
Muitas fases felizes para você! Quanto mais sábio você for, menos momentos tristes você terá.
Muita paz!

Complexo de Inferioridade - Uma Visão Psicanalítica

Todos buscamos meios de resguardar, minimizar e escapar dos problemas. Para isso, desenvolvemos mecanismos de defesa, que nos ajudam a driblar os conflitos do cotidiano. Esses mecanismos protegem as falhas do “eu”, as quais podem ser reais ou fantasiosas. Se permanecermos presos às nossas dificuldades, podemos perder o controle de nossa auto-estima e levar nossa personalidade a um processo de desintegração. Os mecanismos de defesa nos ajudam a equilibrar e recriar nossa própria identidade.
O complexo de inferioridade é um conflito muito presente na maioria das pessoas. Ele se apresenta com os seguintes sintomas:
.Isolamento;
.Sentimentos agudos de incapacidade e de inferioridade;
.Super valorização da bajulação;
.Excessiva sensibilidade a críticas;
.Atitudes supercríticas aos outros.
Quando somos acometidos pelo complexo de inferioridade, tendemos a desenvolver determinados mecanismos de defesa, tais como:
Compensação: procuramos superar uma desvantagem física ou emocional (pode haver
um fundo imaginário). O sentimento de inferioridade em um determinado setor, leva à tentativa de superá-lo em outro. Exemplo: uma mulher pouco atraente, que passa a caminhar de modo provocante. O caminhar chama a atenção e compensa sua falta de atrativos.
Racionalização: criamos explicações e razões vantajosas para fracassos decorrentes da inferioridade. É uma defesa do “eu” em face às críticas sociais. Exemplo: Um jovem que gastou muito dinheiro comprando uma roupa de marca. Explica aos pais que custou caro, mas o tecido é melhor e vai durar por mais tempo.
Projeção: atribuímos a terceiros nossos erros e desejos pessoais. Exemplo: pessoas de má índole que colocam:... “Não odeio ninguém, esse sentimento não faz parte de mim. Mas, não sei por que, os outros me odeiam”...
Identificação: quando adotamos mentalmente uma aparência, uma propriedade ou qualidade de alguém. Exemplo: mulheres que cortam o cabelo igual ao de uma atriz famosa e bonita.
Regressão: regredimos a atitudes infantis de comportamento. Esse mecanismo ocorre após muitas situações de intensos fracassos. Exemplo: um adulto chorar por não passar em um concurso.
Fixação: quando temos um interesse ou uma ligação emocional e paramos nosso desenvolvimento, nos fixando em uma determinada fase. Esse mecanismo ocorre em pessoas que tenham passado por excessivos sofrimentos, com profundas frustrações ocasionando assim sérios traumas. Exemplo: tenho um paciente, um rapaz que hoje está com vinte anos. Aos dezesseis, sei pai foi embora de casa, ele se fixou em tal idade, desenvolvendo uma dependência afetiva e comportamental para com sua mãe.
Idealização - utilizamos energia emocional reprimida, para criarmos e elaborarmos um mundo mais justo, mais gratificante (mais ou menos imaginário). Assim aumentamos e sustentamos nosso comportamento individual a favor de sua criação real. Exemplo: o positivismo é um bom modelo de idealização. O livro “O Segredo” (não generalizando, claro) exemplifica bem a idealização.
Simbolização - usamos nossa energia emocional em um processo de elevação e quase adoração de personalidades que se destacam no meio social. Exemplo: criação de ídolos do cinema, da televisão, etc...
Repressão – quando reprimimos um conflito. Quando uma frustração incomoda, atormenta nossa consciência, esta cuida de inibi-la e de afogar sua memória. Porém, o problema reprimido pode continuar atuando, mesmo que de maneira inconsciente, em nosso comportamento. Exemplo: atos falhos. O ato falho, é quando aparecem em nossa fala (ou escrita), termos que se referem a repressões relacionadas a algo ou alguém. Para um melhor entendimento: imaginemos que vamos receber a visita em casa, de uma senhora que tem um queixo muito grande. Pedimos a nosso companheiro que não comente nada sobre o queixo. Quando a senhora chega, ele faz um esforço para não rir ou fazer qualquer comentário. Porém, durante o lanche que se segue, ele pergunta:...- “A senhora aceita um pouco de geléia no queixo?”... A palavra “queixo”, saiu completamente sem querer. Ele queria apenas oferecer a geléia.
Sublimação – quando canalizamos nossas energias emocionais não aceitas dentro dos padrões normais da sociedade, para um outro ato que seja aceito e valorizado pela mesma. Exemplo: uma pessoa que aprecia cenas pornográficas, e que pinta telas de cenas sexuais. Virando arte, fica mais aceitável.
Fantasia ou Devaneio – como fuga de uma realidade frustradora, de suas lembranças, fantasiamos situações para encobri-las. Vivemos, na imaginação, aquelas situações e aquele tipo de universo em que desejaríamos de viver. Exemplo: quando um indivíduo não tem muitos amigos, mas imagina-se amigo íntimo de todas as pessoas que conhece. Começa a imaginar que foi convidado para festas e que é muito assediado.
Os mecanismos de defesa, quando empregados com medida, são perfeitamente normais a todas as pessoas. Eles são necessários para a manutenção e equilíbrio do emocional de todos nós. Eles fazem parte de nosso cotidiano e são sadios. Quando ultrapassam um limite de normalidade, devemos procurar ajuda de um profissional. Nesses casos, nem sempre a pessoa acometida tem percepção do agravamento e exacerbação de seus mecanismos de defesa, cabe então aos familiares uma atitude.

Como Ter Uma Relação Harmoniosa

Quando nos relacionamos com outra pessoa, muitas vezes nos deparamos em situações de conflito. Tendemos a comparar, a fazer ganchos com situações passadas, que acabam prejudicando a relação. Traumas vividos na infância, relacionados à vida afetiva de nossos pais, ou traumas de ex-relacionamentos amorosos, insistem em estar presentes mesmo que de forma inconsciente. Ou seja, tomamos determinadas atitudes sem mesmo entender a causa, pois a mesma está camuflada no nosso arquivo cerebral. Como resolver isso? Viver o presente, o aqui e agora. Se os traumas foram muito fortes, vale a pena uma terapia. Caso contrário, passar a reparar se você tem razão ou não para estar aborrecido. Vale também , uma boa observação se o que aborrece em relação ao outro é real ou fantasioso.
Um bom exercício para se conectar com o aqui e agora, é parar o que está fazendo, fechar os olhos, respirar fundo...começar então a reparar nos barulhos ao seu redor (é surpreendente como aparecem diversos sons aos quais não se prestava atenção). Após esse momento de introspecção, abrir os olhos, olhar seu corpo, o ambiente ao redor, tudo o que o cerca no momento atual. Agora então, bem estabelecido no presente, trazer à consciência o assunto que o está aborrecendo. Ser realmente honesto em seus julgamentos e perdoar se necessário.
Muitos casais entram em desarmonia devido a ciúmes, competitividade, exigências. Nesses casos, a aceitação do outro como ele realmente é, foge à naturalidade da convivência. Cada um de nós traz uma bagagem de vida. Trazemos traumas, vícios ou afetividade, dependendo de tudo o que se viveu. Cada pessoa tem seu próprio mundo e para compartilhá-lo é necessário muita paciência, respeito e parceria. Ninguém muda ninguém exigindo, tentando impor sua maneira de fazer as coisas. O relacionamento é uma conquista diária. Os desentendimentos estarão presentes de vez em quando, mas tudo vai depender das reações. É necessário que cada um ceda um pouco. Com o tempo, atitudes plausíveis tornam-se hábito.
A harmonia entre o casal gera prosperidade em tudo o que o cerca. Se houverem filhos, esses crescerão em um ambiente tranqüilo que lhes proporcionará um futuro emocional seguro, com auto-estima elevada.
Somos o que pensamos. Nosso mundo é como o construímos. Permitir a alguém compartilhar de nosso mundo, é também permitir nossa própria integração ao mundo desse alguém. Tudo deve ser muito suave, analisado de maneira afetuosa. Ser maleável não significa fazer papel de bobo, significa respeitar o ponto de vista do outro e simplesmente amá-lo.

A Psicologia da Fé e da Oração

Quando um paciente chega a meu consultório, um dos primeiros questionamentos que faço é sobre sua fé. Pergunto se segue alguma religião, se acredita em Deus, se faz orações, etc... A fé e a crença em Deus, nos trazem segurança, gerando uma sensação de proteção e assistência. Desfazem a dúvida, o medo e trabalham o positivismo dentro de nós.
A oração é um ato de introspecção. É um momento em que nos desligamos dos barulhos ao redor em pura concentração. Quando rezamos o terço, por exemplo, estamos fazendo uma meditação. A repetição continua das orações é como um “mantra”, que acaba nos levando a um estado alterado de consciência, criando um momento de relaxamento e paz. Nesse momento, as respostas, orientações e inspirações surgem espontaneamente. Novas perspectivas e confiança se agregam resultando em um profundo bem estar e leveza de alma. A positividade interna flui em uma energia compensadora. Essa energia fica clara nas mudanças de atitudes, de acordo com o fortalecimento e crescimento espiritual. Em posse dessas mudanças, podemos transformar qualquer tipo de acontecimento em algo enriquecedor.
Nossa mente funciona mal sob pressão. Durante a oração, expelimos tensões e preocupações que impossibilitam o fortalecimento do nosso pensamento. Desabafamos o que angustia nosso coração, tornando melhor a compreensão do nosso íntimo. Acreditando em Deus, que Ele está ao nosso lado, em qualquer momento e lugar, desenvolvemos e realizamos mais em nossa vidas e nas dos outros. Temos mais vontade de lutar, viver e conviver afetuosamente com nosso semelhante. Nossa consciência se alimenta de imagens boas, de amor e prosperidade. Passamos a praticar o otimismo e atrair o bem, esperando sempre o melhor.
O poder da fé e da oração é incontestável. Quando esse poder atua em conjunto (novenas e correntes em grupo, por exemplo), a força é ainda maior, uma vez que o “inconsciente coletivo” entra em ação. Além de que unidos por um ideal, fazemos novas e boas amizades. Muitas idéias surgem se completando umas as outras, criando meios para solucionar o que parece não ter solução.
Não devemos apenas pedir, mas também agradecer. Precisamos também alimentar nossa caridade interna, pedindo por quem no fez algum mal. Nosso potencial espiritual crescerá e a magnitute de nossa fé também. O perdão é terapêutico e nos conduz a uma paz interior, a qual não tem preço. Desenvolvendo e ascendendo nossa maturidade espiritual, passamos a ter noção de que todos somos humanos. A diferença entre nós, é exatamente o grau desse desenvolvimento.
Sempre há um horário que nos habituamos a fazer nossas orações. A maioria das pessoas as faz ao deitar. Às vezes passamos um dia ruim, atribulado e no fim do mesmo, nossa fé parece estar enfraquecida. Dependendo da situação, surgem algumas lágrimas. É então que entramos naquele contato íntimo maravilhoso e a recobramos, as lágrimas vão cessando e acabamos adormecendo em paz, prontos para um novo dia.

Fé, Paz e Amor para Você!

Quebra-cabeça

Quebra-cabeça.

Algumas pessoas estão sempre reclamando, dos acontecimentos, da falta de sorte, da falta de um amor, entre outras lamentações. Ficam tristes, desanimadas e algumas chegam até mesmo à depressão. Acumulam pensamentos negativos, que deixam o viver complicado demais. Vivem lutando contra o destino, abandonando situações, as quais retornam de uma outra forma, pois têm que ser vivenciadas. Acabam travando uma guerra com sua própria vida. Fica então difícil entendê-la, quando na realidade o grande segredo é “não tentar entendê-la”, mas vivê-la.
A vida é um grande quebra-cabeça, onde as peças são os acontecimentos e as emoções. Qualquer coisa que aconteça no presente, se somará a outra. E assim vai-se construindo o futuro, que bem devagar, vai se tornando passado. Os acontecimentos e emoções vão se encaixando, até se tornaram uma linda existência. Por certas vezes, há peças que parecem não se encaixar, mas depois se descobre que estavam no lugar errado. E não dá para jogar nenhuma fora. Um quebra-cabeça não pode ser montado faltando peças,
não é mesmo?
A fé é uma dos componentes mais importantes da vida. É ela que dá força e que levanta a auto-estima. Quando existe fé, não há questionamentos, mas sim aceitação e agradecimentos. Tudo o que acontece tem uma razão. Não se tem que discutir, mas vivenciar cada momento e transformar cada experiência, em um aprendizado. Não é um tipo de conformismo, é apenas uma visão positiva, tranqüila e amadurecida de se encarar a própria história. Muitas vezes a imaturidade leva a uma não adaptação e não aceitação dos fatos que surgem, dificultando o desenvolvimento emocional.
Pode-se escolher entre ficar chateado, revoltado, entristecido, ou simplesmente ir deixando as peças se encaixarem e ser feliz. Pode-se criar uma nova maneira de pensar, deixando de lado aquela sensação de que há sempre alguma coisa errada. Tudo está como tem que ser. Pode-se até transformar uma coisa ou outra, mas mudar, não. Caso houvesse a possibilidade de se saber, o tempo que nosso quebra-cabeça levará para se completar, não perderíamos tempo com bobagens, com pensamentos destrutivos.
Estar em paz com o próprio espírito, é o melhor presente que se pode dar a si mesmo. Para isso, trabalhar o caráter e fazer coisas dignas, são atitudes básicas. Praticar a caridade também faz parte, não só a material, como também a espiritual, que às vezes é bem mais difícil. Há a necessidade também de ser íntegro e ter comportamentos que honrem o bem. Aceitar-se, transformar-se, não lutar contra si, mas a favor, é amar a vida, seja ela como for.